domingo, 13 de novembro de 2011

110- Confie em Mim

-E aí? Como ela está? – perguntei ao cirurgião
-Ela teve uma séria hemorragia interna – ele respondeu – Teve sorte de sobreviver. Se tivessem demorado mais um pouco, ela não resistiria
-Obrigada – eu disse
      “Se tivessem demorado mais um pouco, ela não resistiria”. Eu nem queria pensar nisso. Já tivemos muitas experiências de quase-morte, Bianca não poderia ser mais uma.
-Eu não acredito! – disse Lucas C, chutando uma lixeira – Se eu não...
-Se você não o quê? – perguntou Nath
-Eu não deveria ter deixado ela ir – ele desconversou
      Nath pareceu não acreditar na resposta de Lucas. Aliás, acho que ninguém acreditou. Mas como estávamos todos preocupados com Bianca, deixaram de lado.
      Pedi a um dos médicos que eu pudesse ver Bianca. Entrei na sala onde ela estava, ligada a uns aparelhos e aparentemente desacordada. Apenas aparentemente. Quando me sentei na cadeira, ela abriu os olhos, apesar de que com dificuldade.
-Allanis? – ela perguntou
-Sim, sou eu – respondi
-Quando eu estava presa... – ela disse, com dificuldade – Eu perguntei àquela garota por que Jack estava fazendo aquilo e ela disse...
      Bianca parou. Fez uma careta como se tivesse nojo das palavras de Melissa.
-Ela disse “Pergunte aos seus amigos”. O que ela queria dizer? – Bianca perguntou
      A pergunta de Bianca me atingiu como um soco no estômago. O que eu poderia responder?
-Vocês estão escondendo alguma coisa? – ela perguntou
-O que? Não, não. Claro que não – falei rápido demais. Precisava me acalmar – O que eles querem é nos colocar uns contra os outros.
-Hmmm... – ela disse. Esse “hmmm...” indicava que ela não acreditou – E aquilo que houve lá no enterro do Yuri?
-Lucas C estava abalado, sabe? – menti
       Ouvi barulho de passos vindo do corredor. Passos firmes. A julgar pelo barulho, eram umas 10 pessoas. Fui até lá para ver. Sim, eram 10. 10 policiais.
-Lucas Costa? – um dos policiais disse
-Sim – disse Lucas
-Você tem que vir com a gente – disse o policial
-Ir com vocês? Pra onde? – Lucas perguntou
-Pro Brasil. Você tem assuntos pendentes com a polícia de lá

PDV do Lucas C

      Eu sugeri teletransportá-los para o Brasil, mas eles detestaram a ideia. Fomos numa espécie de avião particular, mas isso não significava que seria mais rápido que o teletransporte. Allanis tentou convencê-los a ir junto, mas não adiantou.
      No avião, os 10 policiais foram na frente e eu fiquei sozinho, no último banco. Aquilo me deixou irritado.
      Depois de aterrissarmos, 5 dos policiais foram me segurando, como se eu fosse fugir. Talvez se eu tivesse algemado a humilhação fosse menor.
      Eles me levaram à uma delegacia e me jogaram dentro de uma cela.
-Anda, seu filho da puta, fala logo, porra – disse um dos policiais
-Calma, calma. Uma palavra culta de cada vez – falei sarcasticamente
      O policial, oficial Pereira, segundo o uniforme, me pegou pela camisa. Mau sinal.
-Chega de graça! Fala logo o que você sabe – ele disse, de maneira ameaçadora
-Do que você está falando? – falei, impacientemente
      Pereira me soltou, me jogando no chão da cela, e soltou uma risada irônica.
-Sabemos que matou Yuri Nascimento. Temos testemunhas – ele respondeu, finalmente
      Como assim? Quem matou Yuri foi Jack Williams. Como é possível existir testemunhas contra mim?
      Me lembrei que Jack tinha os poderes de metamorfose de Ana. Ele poderia ter se passado por mim e depois arranjar um jeito de armar tudo. Não tinha como argumentar, não ia dar certo. Resolvi me calar.
-Agora ficou quieto? – disse Pereira, soltando outra risada irônica
       Resolvi pedir ajuda à Lucas S por telepatia.
“Estou com problemas. Onde vocês estão?”, perguntei
“Já estamos chegando. E é bom explicar esse lance do Jack W.”
“Como...?”
“Eu leio mentes. Estou fazendo isso agora. E, sim, você está com problemas. Não só com a polícia, coma gente também”
       Droga. Eu já estava com muita dor de cabeça, agora tinha mais uma. Esse dia estava indo de mal a pior.
       Uns 10 minutos depois, o pessoal todo chegou à delegacia.
-Eu exijo que meu cliente seja liberado – disse Nath
       Lancei um olhar questionador para ela.
-Me formei em direito – ela disse
-E publicidade. E biologia – completei
-Sou uma pessoa de 1.001 utilidades – ela explicou – Agora me deixe fazer o meu trabalho
-Ótimo. Eu vou pra perpétua – resmunguei
       Nath se aproximou de Pereira e começou a usar suas técnicas de advogada.
-Você disse que tem testemunhas. Elas fizeram alguma declaração oficial? – Nath perguntou
-Bom, não. Mas não é preciso disso – Pereira respondeu
      Então, Nath explicou complicadas leis e outras regras de direito que tenho quase certeza de que eram inventadas. Inacreditavelmente, fui liberado.
-Valeu, pessoal – eu disse
-Nos poupe, Lucas – disse Nath
-O que?
-Nos já sabemos – disse Karol – Sabemos que você, Allanis e Matheus estavam de segredinho
-E por que me ajudaram? – perguntei
-Porque precisamos saber o que Jack quer – disse Thaís – Mas não pense que vamos esquecer o que vocês fizeram
-É por causa de vocês que Bianca está no hospital – disse Lucas S
-Nós não contamos nada por que não queríamos que ninguém se machucasse – explicou Allanis
-Jura? E esse plano deu certo? – argumentou Karol
      Elas foram até o aeroporto e deixaram nós três pra trás.

Fim do PDV do Lucas C

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