Estávamos no meio do caminho, esperançosos que não haveria nenhum tipo de briga ou confronto na praia. Chegamos na praia e arrumamos nossos lugares. Porém, aquele pequeno fio de esperança que estava nascendo em nossos corações, foi completamente banido quando a Kah chegou à praia.
De pura irritação – e muita pirraça completamente infantil – ela se sentou perto da gente para irritar uma Kerolyne muito mal humorada e com cara feia ao ver a garota. Eu achava que ela fosse à outra praia.
- Essa garota é muito ousada mesmo. – disse Kel se enfurecendo, e fazendo alguns objetos ao nosso redor começarem a flutuar e chacoalharem.
- Kel, tente manter o controle! – disse pegando uma maçã que se debatia debilmente em uma garrafa.
Passei a mão sobre sua cabeça e desativei os poderes, assim, todos os objetos que estavam flutuando, caíram no chão.
- Espera um minuto... – disse Kel, analisando a situação – Eles não estavam com gripe Bovina?
- Eles devem ter melhorado. – disse Lucas, inventando uma desculpa qualquer – Mas agora, vamos para a água!
Assim que nos levantamos, começou a chover. Tivemos que todos nos escondermos dentro do carro, até que a chuva passasse, mas não passou, então resolvemos voltar para casa. Por sorte, não houve nenhuma briga.
Quando viramos a esquina da nossa casa, vimos que o portão estava derretido.
“AL” foi a primeira palavra que veio a minha mente.
- O que ouve aqui? – perguntou Manuh, aparentemente irritada.
- Sei lá – disse, começando a ativar os poderes dos outros -, mas seja o que for, é melhor estarmos preparados.
Assim que entramos, notamos que a maçaneta da porta havia sido arrombada, entramos em posição de ataque, foi quando eu percebi que Lucas Cordeiro estava sentado no sofá.
- Ahn? Lucas? Você não deveria estar em Paris cuidando da Julie e se preparando para derrotar o Eterno? – perguntei confusa.
- É muito bom ser recebido desta maneira! – ele respondeu, sendo irônico – De qualquer forma, tenho assuntos pendentes aqui em Hollywood. Assuntos que interessam a você.
- Quais espécies de assuntos? – perguntei, sentando-se à mesa de centro. Acredite, ela me agüentava.
- Nathália foi agredida por um capanga do AL. – ele respondeu, e o sorriso em seu rosto desapareceu.
- O QUE? – exclamei – Como ela está? Ela está muito machucada?
- Não, não. Ela está bem. Apenas com vontade de comer manga. Mas isso é outra história. – ele riu – Precisamos voltar a Berlim.
- Por quê? – perguntou Kel.
- Eu ouvi capanga dizendo que eles precisavam ir para Berlim e pegar uma espécie de faca, espada... Sei lá, não me lembro bem.
O grupo da Kah chegou e ficaram surpresos ao ver o Lucas.
- Você vai pagar o portão novo, ok? – brincou Kah.
A primeira “ordem” dele, foi para que todos dessem as mãos. Kel, que deveria segurar a mão de Kah, pôs Ana no seu lugar.
- O que ouve com elas? – ele sussurrou.
- Longa história. Mas vou resumir ela para você: Chegou um cara novo no trabalho delas, e as duas fizeram o trato de que não ficariam com ele, mas Kah o agarrou e Kel viu tudo.
- Acho que a Kah não seria capaz de fazer isso. – respondeu Lucas.
- Eu também! – disse Kel, se metendo na conversa – Agora podemos ir?
Todos estavam dadas mãos.
Senti um forte puxão em minha barriga, e, foi como se alguém tentasse tirar de dentro de mim todos os meus órgãos a sangue frio. Em questão de instantes – segundos, na verdade – estávamos novamente em frente a nossa antiga escola, em Berlim.
Estava frio, e de noite.
- Como você fez isso? – perguntei ao Lucas.
- Longa história. – ele respondeu, com um sorriso no rosto, aparentemente satisfeito com minha pergunta.
- Estamos cheios de longas histórias. – brinquei e entramos no colégio.
Estava tudo vazio, sem ruídos, apenas o barulho da porta assim que a abrimos. Aquele lugar estava com ar de muito mal assombrado.
Fomos andando pelo refeitório, onde todas as janelas estavam quebradas e algumas cadeiras jogadas de lado.
Uma panela caiu e Jose deu um grito, que ocasionou um eco alto e fino, assim como seu grito.
- Desculpa. – ela sussurrou.
Continuamos andando e fomos parar em um corredor que se seguia de duas escadas. A da esquerda estava escrito salas, e a da direita, cozinha.
Entramos na primeira sala, na qual foi a que estudamos.
- Bons tempos. – disse Ana, recordando de todos os momentos juntos.
- Melhores do que esses? – disse Manuh – Definitivamente!
Saímos da sala e fomos para a cozinha. Onde ocorreu um dos meus maiores temores.
Kel deu soco no peito de Kah, que devolveu com um chute, e logo, Kel empurrou Kah sobre as frigideiras, fazendo com que todos os materiais da mesa caíssem, o que ocasionou em um barulho estrondoso.
- Ah, eu vivo com idiotas. – resmunguei irritada – Manuh, Lucas Cordeiro e Lucas Souza, venham comigo vasculhar o segundo e terceiro andar. Jose, agora você está no comando, se for preciso, pode bater.
E saímos, enquanto Jose comemorava.
Subimos as escadas para o terceiro andar, e passamos pelo grande corredor. Entramos na primeira sala, e não havia nada lá. E fizemos o mesmo com diversas salas, até que ouvimos um barulho vindo de dentro da biblioteca.
- Cuidado. – sussurrei.
- ...tem que estar por aqui, o meu mestre falou... – disse a voz grave de uma mulher.
Aproximamos-nos da sala, e quando eles estavam no fundo da biblioteca, entramos e nos escondemos atrás de algumas estantes. Manuh blindou o corpo e respirou fundo.
- Eu preciso que eles pensem que eu estou sozinha. – sussurrei – Caso ela tente me atacar, eu falo para o Lucas S e ele avisa a vocês! Está bem assim? – perguntei.
Eles concordaram e logo me levantei.
- O que vocês querem aqui? – disse em voz alta e bom som, e a mesma mulher que havia torturado as garotas no vira-tempo se materializou em minha frente.
- Hora, hora, hora... Bebezinha veio para... Brincar. – ela disse dando um risinho.
- Você não disse o que eu quero saber...
- E porque eu diria... a você? – ela disse, mostrando seus dentes amarelados.
- Porque só temos nós nesta sala.
Ela deu aquele sorriso maligno e então, avançou.
“Agora”, pensei, e Lucas S, Lucas C e Manuh apareceram em nossa frente.
- Então, você sabe mesmo... brincar. Hihihihihi. – ela disse – Vamos ver se vocês são páreo para nós! – e outras fumaças apareceram, derrubando estantes e livros caiam no chão.
Dividimos-nos e saímos correndo pelos corredores da biblioteca, que era grande.
- Voltem, e venham... Brincar. – e deu outra risada.
Entrei na fileira mais bagunçada que havia e me escondi embaixo da mesa.
“Pensa”, disse a voz em minha cabeça.
Foi aí que então, vi um objeto brilhante sobre a estante mais alta da sala. Então era aquilo que eles estavam procurando, a adaga de prata.
Tentei empurrar a estantes, mas não consegui. Então, fui tirando alguns livros e jogando-os no chão. Fui escalando até a parte de cima da estante.
Consegui subir e pegar a adaga saltei e vi uma luz avermelhada. Alguém tinha posto fogo na biblioteca, e o fogo rapidamente se espalharia.
- Manuh, cadê os Lucas? – perguntei, quando finalmente a encontrei.
- Estão lá atrás, lutando contra os outros seguidores! – disse ela, olhando para a adaga em minha mão – O que é isso? – ela perguntou confusa.
- Não é hora para explicações, precisamos pegar os outros! – eu disse – Reúna o resto do pessoal e nos espere no chafariz da escola, eu irei salvar os Lucas!
Ela saiu correndo, e agora, o fogo havia assumido uma forma completamente anormal. Estava muito maior do que algumas estantes.
- Achei vocês! – disse assim que achei ambos os Lucas – O que é isso? – perguntei ao Lucas, assim que vi seu braço de fogo, tentando sem muito sucesso apagar o fogo.
- Longa história! Um dia você irá saber!
- Precisamos sair daqui! – eu disse, puxando o braço do Lucas – Venham!
Vimos fumaças pretas saindo da janela, então, antes que mais nada, pulando da janela e caímos no gramado, onde quatro dos seguidores estavam com uma cara de derrotas.
- Então, pelo o que sabemos. Vocês são seguidores fieis do AL! – eu disse – Lucas, Manuh, vão ver os outros, e os proteja, caso tenham mais lá dentro. Lucas Cordeiro, você fica!
Peguei um deles pelo o pescoço e ameacei cortar sua cabeça.
- Quem é o AL? – perguntei.
- Você nunca saberá! Hahaha – disse Bete, que virou fumaça e desapareceu.
Assim foi imitado pelos outros dois seguidores.
Lucas fez uma roda de fogo e eu joguei o seguidor lá dentro.
- Será muito melhor para você contar para quem trabalha. – disse Lucas, aumentando o fogo.
- Agora somos só nós três. – disse fechando a mão em punho – E não tenho medo de bater em homem!
- Mas eu nunca contarei!
- Jura? – disse Lucas, apertando o circulo de fogo ao redor dele.
- Ainda posso voar. – disse o rapaz.
- Não, não pode. – disse Lucas, fazendo fogos de artifícios, que impediram a saída do cara.
- Para que serve essa adaga? – perguntei irritada.
- Não direi!
Fomos a sua direção, fechei o punho e lhe dei um soco.
- Ainda na greve de silêncio? – perguntei.
- SIM! – ele gritou.
- Você vai nos contar alguma coisa? – disse Lucas.
- NÃO! – disse o cara.
E então Lucas o queimou.
- E se dizem invulneráveis. – disse Lucas, esfregando as mãos.
- É errado se eu sentir medo de você? – perguntei e veio um grito de dentro da escola.
Voltamos para dentro e conseguimos tirar todos a tempo. O grito foi porque a Kah e a Kel estavam atracadas no chão, se batendo.
Na manhã seguinte...
Todos foram acompanhar o Lucas até o aeroporto. E, parte de mim, sabia que aquilo não era realmente uma despedida.
- Quando você vai voltar de verdade? – perguntou Manuh.
- Em breve. – ele respondeu a abraçando.
- Se cuida, está bem? – disse assim que ele me abraçou.
- E você, não fique preocupada. – ele disse, apertando minha bochecha – O que tiver de ser, será. E não terá como, nenhum de nós, mudar.
Ele me deu um último abraço e embarcou. Logo depois, seu avião partiu.
- Agora resta 1 a menos. – disse Lucas, dirigindo o carro.
- É... Mas isso não significa que não tenhamos problemas. – disse, roendo a unha e olhando para a janela.
O avião do Lucas já havia sumido no céu, e agora, uma forte nuvem cinzenta estava rondando o céu de Hollywood – assim como estava acontecendo em nossas vidas.
Embora eu tivesse certeza de que estaríamos todos longe de acabar com essa batalha, a pior luta ainda estaria por vir. E como Lucas havia dito o que tiver de ser, será. E não terá como, nenhum de nós, mudar.
Respirei fundo e, por apenas alguns minutos, pensei ter esquecido todos os problemas. Mas eu sabia, que era apenas o começo de todos eles.