Eu ainda estava confusa com todo aquele lance do Rio. Será que Lucas C seria capaz de me matar? Se Pattison não tivesse me tirado daquele depósito, Lucas me mataria?
Terrível e eu tentávamos decidir um novo nome para a firma, mas eu acabava me distraindo.
-Tive a ideia perfeita: Terríveis’ Empresas de Turismo e Administração – ela disse
-T.E.T.A? – estranhei a sigla
-O que foi? Não gostou?
-É claro que gostei – menti
Uma dica: se o apelido da sua chefe é Terrível, nunca discorde dela. Mesmo que você tenha que trabalhar numa empresa com o nome de “TETA”. Apesar de ser engraçado pensar em atender o telefone dizendo “Falando da TETA. O que deseja?”.
Enquanto eu e Terrível conversávamos, meu telefone tocou.
-TETA, boa tarde – brinquei
Matheus estava do outro lado da linha. Ele não se segurou e começou a rir.
-Isso é algum tipo de novo cumprimento? – ele brincou, ainda rindo
-Anda, peste. Fala logo! – reclamei
-Ana, Nath e Karol estão dando a luz!
-O que? As 3 juntas? – falei, perplexa
-Anda! Vem rápido pra cá – ele desligou
Tive que me despedir às pressas de Terrível. O lado bom de ser sua funcionária favorita é que eu podia fazer o que eu quisesse.
Entrei em meu carro e segui em direção à mansão. Lucas S e Matheus esperavam pela ambulância do lado de fora. Do lado de dentro, Bianca, Thaís e Rafah tentavam acalmar as 3 grávidas.
-Respira. Inspira. Respira. Inspira – dizia Thaís a Karol
-Eu tô respirando! – ela gritou
-Tem razão. Talvez eu é que deva respirar – disse Thaís, com falta de ar
Cada uma fazia o que podia para aguentar até a chegada da ambulância. Pouco tempo depois, junto com a ambulância, chegaram Marcelo, Léo e Renato, os pais. Eles ajudaram a colocar as três na ambulância que esperava do lado de fora da mansão.
Eu, Lucas S, Bianca, Matheus, Thaís e Rafah fomos em um carro separado.
-Estou nervosa – disse Bianca
-Mais que elas? – argumentei
-Você sabe o que estou falando – ela reclamou – E pensar que eu fiz o parto de Eric
-Eu devia ter vindo à Hollywood antes – disse Matheus
Assim que chegamos ao hospital, encontramos um grupo de enfermeiras na recepção. Suas roupas colantes e os peitos siliconados me fizeram pensar se elas eram enfermeiras de verdade ou stripers. Não sei o que Matheus achou que elas fossem, mas agradou. Ele fingiu que torceu o pé e as tontas caíram.
-Podemos ajudar? – elas disseram
-Eu machuquei o pé. Poderiam me tratar? – ele disse
-Coitadinho... É claro que podemos – disseram em coro, como se tivessem ensaiado
Fiquei boquiaberta coma cara-de-pau dele.
As enfermeiras/stripers colocaram Matheus numa cadeira de rodas e foram levá-lo até uma outra sala. Um senhor que passava por mim usava uma bengala.
-Senhor, poderia me emprestar sua bengala? – pedi
-É claro – ele disse, de maneira simpática
Peguei a bengala e coloquei na roda da cadeira de rodas, derrubando Matheus. Ele rapidamente se levantou para brigar comigo.
-Veja só! Seu pé está curado! – falei bem alto
As enfermeiras/stripers fizeram uma expressão de surpresa – também como se tivessem ensaiado – e foram embora, ofendidas.
-Sua prima está dando a luz e você ainda consegue pensar nisso? – repreendi Matheus
-Você e Nath não me dão uma folga! – ele reclamou
Corremos até a sala onde estavam Nath, Ana e Karol. De longe já dava para ouvir os gritos.
-O que tá acontecendo lá dentro? Briga de galinhas? – exclamei, assustada com os gritos
Entramos na sala e lá estavam as 3, cada uma em uma cama, de mãos dadas e, é claro, gritando demais.
-Para de gritar, Karol! Tá me desconcentrando! – Ana berrou
-Você também tá gritando! - berrou Karol
-Parem as duas! – berrou Nath
-Aaaahhhh! – todas berraram juntas
Os 3 médicos tentavam se concentrar, mas ficava difícil com toda aquela gritaria.
-Já estou vendo a cabeça! – disseram os médicos de cada uma
Os 3 se assustaram, assim como nós.
-Elas 3 estão dando a luz ao mesmo tempo? Como isso é possível? – exclamou Lucas S
-Isso que é amizade – brinquei
Nós queríamos continuar ali, mas os médicos disseram que só os pais podiam ficar, então saímos. Tudo que pudemos fazer era ouvir a gritaria.
-Tem mais gritos do que em um show de rock – brincou Matheus
Notei que Bianca e Lucas S tinham saído por um tempo. Eles voltaram com vários balões de coraçõezinhos, sóis sorridentes e alguns ursos de pelúcia.
Percebemos que havia acabado quando a gritaria acabou. Os médicos disseram que podíamos entrar. Cada casal olhava para o seu filho. Rafah levou Eric até Nath e Marcelo.
-Diz “oi” pra sua irmãzinha, Eric – disse Nath
-Já sabem os nomes? – perguntei a elas
-Daniella – respondeu Karol
-Cecília – disse Nath
-Rafael – disse Ana
Matheus sinalizou para que Nath o deixasse segurar Cecília.
-Não importa o que sua mãe diga, você e seu irmão serão roqueiros igual ao tio Matheus aqui – ele disse
-Sinto uma vibração rock n’ roll aqui nasala. Rápido, Marcelo: pegue Cecília antes que atinja ela – Nath brincou
Ana segurava Rafael com tanta delicadeza que parecia que um sopro poderia quebrá-lo. Já Karol se segurava para não abraçar e sufocar Daniella.
-Só ficaria mais perfeito se Lucas C tivesse aqui – disse Nath
-Eu sei que ele vai voltar. Não se preocupe – eu disse
Eu sabia que ele iria voltar, só não poderia garantir se ele estaria curado.