sexta-feira, 4 de novembro de 2011

106- A (Nem Tão) Glamurosa Vida da Classe A

PDV do Lucas C

       O sol já estava saindo e eu não havia conseguido dormir sequer um mísero minuto. Minha vida havia mudado muito desde que eu voltei ao normal. Todos me encaravam, assustados. Mais do que o normal.
        Julie ainda dormia, então resolvi não perturbá-la. Passei na mansão para conversar com o pessoal.
-Credo, Lucas! Você tá horrível! – exclamou Allanis
-Bom dia pra você também – falei sarcasticamente
-Você dormiu essa noite? – ela perguntou
-Não. Nada
-Já é a 3ª noite essa semana!
-Fica complicado dormir quando você sabe que todos têm medo de você. Ontem, fui ajudar uma velhinha a atravessar a rua, mas ela fugiu com medo de mim
-Fugiu? Que velha poderosa, hein? – ela brincou
-De qualquer jeito, tenho que me arrumar para um programa de entrevista
-Jack Williams de novo? – ela perguntou
-Graças a Deus, não – exclamei
        Voltei para minha casa e tomei um banho gelado para despertar. Assim que entrei no carro, Matheus pediu uma carona. Coincidentemente, ele iria para o mesmo programa.
-Você tá legal? – ele perguntou
-Claro que estou! – menti – Por que todo mundo pergunta isso?
       Percebi que ele não acreditou.
       Enquanto passamos por uma rua, uma garota pulou na frente do carro e levantou a blusa. Nos seus peitos estava escrito “Love Ya” – te adoro.
-Olha só! Sua vida é incrível! – exclamou Matheus – As garotas te mostram os peitos sem precisarem estar bêbadas! Não que precisei disso com Jéssica...
-Minha fama não se resume a peitos – argumentei
-Jura? É uma pena. Por que isso nunca aconteceu comigo? – ele brincou
-Eu tô falando sério! Na mesma proporção que muitos me amam, muitos outros me odeiam. O pai da sua namorada é um deles!
-Falando no diabo... – ele disse
        Passávamos em frente a uma loja de eletrônicos. Todas as TVs estavam sincronizadas na CCB, onde Jack Williams mostrava alguns dos meus ataques enquanto eu estava descontrolado.
-Quer saber, já chega! – eu disse, com raiva
-O que você vai fazer? – perguntou
        Segurei seu braço e o transportei comigo para a CCB.
-Você bem que podia avisar antes, né? – ele reclamou
-Desculpa. Mas eu preciso acertas as contas, não deu pra esperar – eu disse, transformando os punhos em rocha
-Não faça nenhuma besteira – advertiu Matheus – Lembre-se de que ele é pai de Jéssica
-Diz a ela que sinto muito pelo seu pai
        Apesar dos avisos de Matheus, entrei na sede da CCB e fui até a sala de Jack Williams.
-O senhor Williams está nos sets, ao vivo – avisou a secretária
-Diga a ele que há uma visita em sua sala – respondi
       Meia-hora depois, Jack Williams apareceu. Não parecia surpreso com a minha visita. Mesmo assim, fez questão de fazer uma ceninha.
-Quem é que... Ah, você. O que a raça nojenta quer? – ele perguntou
-Se tem um ser nojento aqui, é você – rebati
       Eu o joguei na parede e o segurei pela gola de seu terno.
-Me escuta bem – comecei – estou cansado de te ver me perseguindo na TV. E não adianta se fazer de coitado pois eu sei muito bem que foi você quem mandou Jéssica fazer aquilo comigo
-Não. Você me escute bem – ele disse
       Foi aí que algo estranho aconteceu: ele criou uma espécie de barreira e me jogou para longe. Exatamente como Bianca faz.
-Você se acha tão poderoso, né? – ele disse, seriamente – Por que você acha que eu mandei Jéssica fazer isso? Simplesmente pra acabar com sua reputação? Bom, também. Mas não foi SÓ para isso. Para onde você acha que foram os poderes que você roubou? Bianca, Nathália, Ana... Todos os poderes que você roubou vieram pra mim. E não só os poderes delas. Os seus também.
       Como demonstração, ele criou chicotes elétricos para me atacar. Os chicotes acertaram meu peito e meus braços, deixando algumas queimaduras.
        Transformei meu corpo em fogo, para evitar mais ferimentos, mas ele lançou jatos d’água contra mim. Ainda com os chicotes nas mãos, ele usou super velocidade para atingir todo o meu corpo com os chicotes.
        Me transformei em vento, mas não consegui me mover.
-Eu tenho seus poderes. Eu controlo o ar – ele disse
-Mas tem algo que você não controla
        Voltei ao normal e arranquei um pedaço do chão. Corri em sua direção para ataca-lo com o bloco de pedra, mas ele lançou várias lâminas de ferro contra mim. Várias mesmo. Milhares. Me transformei em pedra, mas não aguentei os ataques e desabei no chão.
-NADA do que você fizer vai me atingir – disse Williams
       Ele me pegou pela perna e me lançou contra a parede e as pilastras de concreto. Depois, me lançou no chão por várias vezes, como um bebê nervoso bate um bichinho de pelúcia.
       Logo depois, transformou o punho em rocha e socou meu peito por diversas vezes seguidas.
-Por que roubou meus poderes? Com que finalidade? – perguntei
-Para acabar com toda a sua raça – ele respondeu
-Sério? Isso não é um paradoxo?
-Você não está em condições de se queixar. Sem falar que no topo da minha lista estão sua esposa e sua filha.
-NÃO! – exclamei – Me mata. Pode me matar. Diz que eu sou traficantes, pode espalhar pra todo mundo. Mas não encoste um dedo nelas! – implorei
-E qual seria a graça?
-Eu não estou sozinho. Você não pode nos vencer – ameacei
-Eu também não estou sozinho – ele rebateu
        Foi quando Melissa – a doida que me sequestrou uns meses antes – apareceu na sala. E parecia mais forte. Ela usava uma roupa de couro colante e aproveitei para zombar dela.
-Quem é essa? A Mulher-Gato? – brinquei
        Em resposta, ela lançou uma forte carga elétrica em minha direção.
-Vamos fazer um trato – começou Williams – Você me deixa falar o que quiser de você e eu não toco em sua esposa, sua filha ou qualquer outro mutante. E aí?
-Só isso? Você só vai falar mal de mim? – suspeitei
-Vai arriscar?
       Fiz que não e fechei o acordo. Rapidamente, ele me enxotou do lugar. Matheus viu meus ferimentos e veio saber o que era.
-Lucas! O que aconteceu? – ele perguntou
-Não é da sua conta – respondi
-Como assim...
-Não é da sua conta! – agora gritei, assustando-o com a minha reação – Vamos voltar pra mansão

Fim do PDV do Lucas C

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