domingo, 6 de novembro de 2011

107- Graves Consequências

       O sol estava forte e fazia calor. Devia estar uns 40ºC. Aproveitei para chamar Rafah e Ana para a piscina. Ana virara mãe-coruja desde o nascimento de Rafael. Seu passatempo preferido era cuidar dele.
-Sabe, nunca pensei que fosse te ver como mãe – eu disse a Ana
-Nem eu, mas agora que sei como é, não trocaria por nada – ela disse, com um enorme sorriso
       Enquanto aproveitávamos a piscina, o telefone tocou. Ana foi atender. Seu sorriso desapareceu ao ouvir a mensagem que a pessoa do outro lado lhe dera.
       Depois que desligou, ela se sentou nos sofá, com um olhar distante.
-O que houve? – perguntei
-Lembra do Yuri, um amigo nosso da 8ª série? – ela disse
       Eu e Rafah concordamos com um meneio de cabeça.
-Então, ele morreu – disse Ana – A mãe dele nos chamou. Quer que a gente vá ao enterro dele, no Brasil
-Vou avisar ao pessoal – eu disse
       Liguei para todos para dar a má notícia. O enterro seria 1 hora depois. Por sorte, tínhamos Pattison para nos levar.
-E aí? Como você tá? – perguntou Pattison
-Eu estou bem – respondi
       Na verdade, eu realmente estava bem. Eu nunca falei muito com Yuri, mas ir a um enterro nunca é bom mesmo.
-Já é o 2º enterro em menos de 1 ano! Credo! – exclamou Lucas S
       A última vez que estivemos no Brasil foi durante o ataque de Lucas C. Infelizmente, não tínhamos muitas boas memórias do Brasil.
       Enquanto íamos ao cemitério, notei que Lucas C estava um pouco afastado. Ele conversava com Matheus, ambos bem sérios. O que será que eles conversavam?

PDV do Lucas C

-Você acha que foi ele? – perguntou Matheus – Ele não fez um trato?
-E fez. Mas não tenho certeza se estava disposto a cumprir – respondi
-Quem mais sabe disso?
-Por enquanto, só você. Não quero espalhar
-E seus machucados? E se Julie desconfiar?
-Eu digo que uma fã louca me atacou. Nada anormal
-Você devia contar aos outros...
-Não sem ter certeza. Apenas me deixe confirmar, tá legal? – argumentei

Fim do PDV do Lucas C

       Fui dar meus pêsames ao parentes de Yuri. Enquanto isso, Lucas C veio falar com a mãe dele. A conversa deles foi um tanto... estranha. Primeiro, é claro, ele deu seus pêsames. Depois... bom, depois as coisas ficaram esquisitas.
-Como Yuri morreu? – ele perguntou
-Por que quer saber? – a mãe de Yuri disse
-Sabe, ele era muito meu amigo. Gostaria de saber
-Bom, ele caiu na linha do trem
       Lucas pareceu se surpreender um pouco com a resposta. Mas logo se recompôs.
-Posso ver o corpo? – ele perguntou – Sabe, para um último adeus
-Ele não está num estado muito bom... Mas pode sim – disse a mãe de Yuri
       A mãe de Yuri apontou para a direção do caixão e Lucas C foi até lá.
       Por que Lucas estava fazendo aquilo? Ele mal falava com Yuri! Tinha algo muito estranho com ele. E eu não estava gostando nada disso.

PDV do Lucas C

       Me aproximei do caixão e olhei para dentro dele. Realmente, o conteúdo do caixão não era dos melhores. O corpo de Yuri estava partido em vários pedaços. Mas não condizia com alguém que caiu na frente de um trem. O corpo estava deplorável, claro, mas não tanto quanto deveria.
       Percebi que as extremidades dos cortes pareciam queimadas. Como se ele tivesse sido eletrocutado até queimar.
       Foi quando liguei tudo. Corri até a mãe de Yuri para perguntar algo a ela.
-Yuri era mutante? – perguntei discretamente, para que ninguém mais ouvisse
-Como... como você sabe? – ela exclamou
-Sabe como é, reconhecemos um da mesma espécie – menti
       Eu nunca nem desconfiei que Nath era mutante e olha que eu passava todos os dias com ela. Quem diria Yuri, que eu não via há 7 anos.
       Depois que ela confirmou, corri para um canto do cemitério e me escondi atrás de uma árvore.
-Ela mentiu – eu disse, atordoado
       Tentei organizar os pensamentos, mas o desespero já estava tomando conta.
       Matheus havia me visto correr e veio atrás de mim.
-O que foi? – ele perguntou
-Jack... Ele mentiu. Ele vai vir atrás da gente – respondi
-Como você sabe?
-Yuri. Ele é mutante
       Ele deixou escapar um palavrão em inglês.
       Logo, vi que Allanis veio correndo em nossa direção. Ela parecia estar bem brava.
-O que foi aquilo, Lucas? “Como seu filho morreu? Posso analisar seu cadáver? Aliás, me adiciona no Facebook?” – ela zombou
-É complicado – desconversei
-Complicado ou não você vai ter que me explicar – ela disse
       Allanis me levantou do chão me puxando pelo braço, como uma mãe puxa o filho quando ele faz bagunça.
-Explique-se – ela ordenou
       Olhei para Matheus, esperando que ele me ajudasse, mas nada. Resolvi contar tudo para Allanis.
-Você cheirou, moleque? – ela gritou quando eu acabei de explicar – Como você ataca Jack sozinho?
-E deixar que ele ficasse impune pelo que fez a mim? – argumentei
-Como você puniu ele? Porque parece que ele está bem impune – ela rebateu – Merda! – ela falou consigo mesma
       Ela andou de um lado para o outro, passando a mão na cabeça.
-Vamos contar aos outros? – perguntei
-Por enquanto, não. Vamos protegê-los – ela disse – Vamos deixar isso só entre a gente, tá legal?
-Tá legal – eu e Matheus respondemos

Fim do PDV do Lucas C

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