94- Conflito de Ideias

-Allanis, você está bem? – perguntou Pattison

-Estou – respondi – Por quê?

-Porque estamos na mesa há 20 minutos e você nem tocou na comida – ele disse

-Estou sem fome

-Estou preocupado. Você não têm comido direito e toda noite tem pesadelos

-Eu vi “Atividade Paranormal” na semana passada. É bem assustador – menti

           Ele me encarou seriamente. Usar sarcasmo havia se tornado um plano falho, pois Pattison já sabia quando eu estava sendo sarcástica.

-Estou sobrecarregada – desabafei – Estou quebrando a cabeça, tentando achar uma maneira de ajudar Lucas C, mas não consigo pensar em nada

-Você não pode simplesmente parar de comer. Mais alguns dias e a fome vai te matar antes que o Lucas tenha a chance – ele disse

-Tá legal – eu disse, começando a comer

           Ajudar Lucas C era a prioridade naquele momento. Desde o que ele fez no Rio de Janeiro, as autoridades de todo o mundo estavam à procura dele. Pattison disse que eu tinha que relaxar, mas assim ficava difícil.

           Depois de comer minha comida – que já tinha ficado fria – fui pegar o meu carro. Imaginei que se eu desse uma volta pela cidade, talvez eu conseguisse esfriar a cabeça. Thaís e Rafah me viram e resolveram me acompanhar.

-Eu soube que você não estava bem... – disse Thaís

-Me lembre de socar Pattison quando voltar – eu disse, irritada

-Bom, aonde vamos? – perguntou Rafah

-Que tal ao shopping? – sugeriu Thaís

          Apesar de não estar com um pingo de vontade de ir ao shopping, eu fui com elas duas. As duas voltaram cheias de bolsas. Eu não consegui comprar nada pois estava sem ânimo.

-Você está mal mesmo, hein? – disse Rafah

-Eu te disse – dei um sorriso leve

           Assim que entramos na mansão, encontramos o pessoal todo reunido.

-Nossa! O que está acontecendo? – perguntei

-Lucas S reuniu a gente. Disse que tinha algo importante a dizer – disse Nath

           Logo, Lucas S apareceu na sala para explicar o que estava acontecendo.

-Que bom que chegaram. Eu estava esperando por vocês – ele disse

-O que está acontecendo? – perguntei

-Bom, - começou Lucas S – eu reuni todos vocês aqui para dizer algo sério. Como vocês sabem, Lucas C está descontrolado. Mas creio que isso chegou ao limite quando ele fez aquilo lá no Rio. Por mais que eu hesite, tenho que dizer... que devemos considerar a ideia... de matar Lucas – ele disse

-Como é que é? – perguntei indignada

           Como ele poderia sequer pensar em matar um dos nossos? Aquilo era inaceitável!

-Você viu como ele está. Todos viram. Não temos outra opção – ele disse

-Temos sim: curá-lo! – eu disse

-Sério? Como? Porque você sabe que Jéssica não vai ajudar

-Sei lá, mas a gente pensa em alguma coisa

-Enquanto você pensa, eu ajo – ele rebateu

-Ignorância não é uma bênção – rebati de volta

-Como é? Está me chamando de ignorante? – ele disse, agora elevando a voz

-Nããoo! Aliás, você é a pessoa mais sensata e mente-aberta que eu conheço – disse, com sarcasmo

-Você é muito infantil – ele resmungou

-E mesmo assim tenho mais cérebro que você – rebati

           O pessoal olhava assustado para a nossa discussão. Nunca tinham visto eu e Lucas S brigando daquele jeito.

-Você adora viver em seu mundinho de fantasias, né? Por que não aceita que a minha ideia é melhor?

-Você é um hipócrita! Está sempre sendo amiguinho, mas quando é preciso ser amigo, você age como um Judas! – agora eu já gritava

           Matheus veio nos separar.

-Olha, vocês estão se precipitando – ele disse

-Matheus, eu não te chamei aqui – eu e Lucas dissemos juntos

           Depois de levar esse coice, Matheus se afastou.

-Eu te disse – Ana disse para ele

           Apesar da intervenção de Matheus, eu e Lucas continuamos a discutir.

-Você sempre adora ser a dona da razão. Foi o mesmo com a Amanda – disse Lucas S

-Eu estava certa sobre Amanda e estou certa sobre Lucas – rebati

-Mais uma vez a dona da razão

           Eu estava realmente ficando furiosa. Nunca tinha ficado assim com ninguém do pessoal, mas aquele jeito insolente de Lucas estava me deixando irritada.

-Pode dizer o que quiser. Vou continuar o plano com ou sem você – ele disse, sacudindo os ombros

-Então que seja sem mim. Sai AGORA dessa casa – ordenei

           Todos fizeram expressão de espanto quando eu disse aquilo.

-Você não está falando sério, está? – perguntou Bianca

-Estou. Ninguém dessa casa vai matar Lucas C. Se ele quiser fazer isso, então não vai poder ficar aqui – eu disse, seriamente

-Tá legal. Não preciso da sua ajuda mesmo. Posso matar ele sozinho – disse Lucas S

            De repente, ouvimos uma risada gutural e assustadora vinda do teto. Era Lucas C, em sua forma de monstro, pendurado no teto de cabeça pra baixo como um morcego.

-Me desculpem. É que eu acabei de ouvir algo muito engraçado – disse Lucas C

            Ele pulou do teto, causando um estrondo ao aterrissar.

-E como exatamente você vai fazer isso? – ele perguntou

-Ainda não pensei nisso – Lucas S se esquivou

-A piada fica cada vez mais engraçada! – Lucas C deu outra risada

             Irritado, Lucas S correu na direção de Lucas C para dar um soco. Lucas C segurou o punho do outro Lucas bem forte. Forte o suficiente para que pudéssemos ouvir os ossos se quebrando. Logo depois, jogou Lucas S sobre a mesinha de vidro da sala, que se quebrou.

-É assim que você pretende me matar? Que vergonha! Da próxima vez, se esforce! – ele disse, rindo

              Lucas C mudou para a forma de vento e sumiu. Foram todos ver como Lucas S estava assim que ele se foi.

-Tá tudo bem? – perguntou Ana

-Meus ossos devem ter virado pó. Mas meus poderes vão regenerá-los – ele respondeu

-Ótimo. Vai poder arrumar as malas – eu disse

-Allanis, você não pode estar falando sério – disse Karol

-Eu estava falando sério. E ainda estou. Quero ele fora da minha casa – eu disse, seriamente

-Vou arrumar as malas – ele disse, ranzina

           Ele se levantou e esbarrou em mim propositalmente,

-Eu não vou voltar atrás. Nesta casa, Lucas S não põe mais os pés – avisei a todos